Meu mundo é feito de escombros
E de todas as cores desse mundo torto
É feito de muitas partidas e poucas chegadas
É feito de tempestades, maremotos e dilúvios
E de portos nunca alcançados no breu do escuro
Meu mundo é terra vasta e arrasada
Com animais, árvores e cores todas queimadas
Nos ciprestes queimados e gansos calados
Há a dor de não ter caminhado
O tanto que eu podia ter andado e amado
Mas é isso o que eu trago, as costas ardidas de calor e cansaço.
Meu mundo já não tem luzes e cores
De quadro impressionista de luzes e flores
Mas ainda tem muitos luminosos horizontes
Escondido por guerras, cicatrizes e dores
Corrí desesperadamente na calada da noite
Não encontrei esse caminho para o horizonte
Encontrei-me um dia refletido nos lagos e nuvens
Encontrei-me um dia brincando com cotovias e sanhaços
Mas também encontrei na terra dos enforcados
Lambendo dores e feridas de meus eus em pedaços
Meu mundo são trilhas perdidas e a dor do cansaço
São explosões atômicas em países arrasados
São constelações apagadas em quadros inacabados
São danças cósmicas de estrelas sem espaços
E é assim a caminhada e a dança dos homens sem braços.
Boa! Meu último conto se chama justamente "escombros" a palavra no poema me remeteu ao cenário que pode ser externo e interno também (por vezes, ambos). Excelente.
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